Não sei, se foi o Outono que voltou ou se fui eu que o abracei, depressa cheguei ao ponto de partida, mas agora mais vazia. De novo a lareira, de novo o frio e as palavras embrulhadas pelo calor de uma manta. Não sei se tenho medo de mim ou do mundo, vou seguindo de esguelha o tempo e arrepio-me com a verdade que se estampa aos olhos. Todos escrevem o fim, ou o princípio de algo ainda pior. Todos pintam um amanhã negro e incerto que eu teimo em negar. Até a voz se arrependeu de falar no futuro, como se ignorando, não tivesse que passar por ele. O medo traz a capacidade de nos anularmos, não sei como olhar o que vem de frente, de olhos fechados ou bem abertos. À minha volta secam sorrisos e são embalsamadas vidas felizes. Até as crianças pedem para parar de crescer. As histórias são contadas com sabor a incerteza, tal como a refeição de algumas mesas. No regresso a esta estação, tento encontrar a minha verdadeira casta e o aperto certo que hei-de dar à vida. Espremo os pensamentos e escorrem desgostos fermentados pela espera, de quem não chega nunca. Já nem a saudade mora no meu peito viajou para parte incerta sem deixar bilhete. Só as estrelas que me acompanham iluminam o meu caminho com sorrisos e lágrimas que chegam ao céu, vezes e vezes sem conta… O passo está dado, de mãos dadas com o mundo e com quem precise de mim. Não sei o tempo que permanecerei nesta estação mas sei que me encontrei, mais uma vez, nas palavras.
Vanda Paz
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