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sábado, 28 de fevereiro de 2009

Sou mãos


Sou mãos.
Talho círculos e aprisiono sentires
para me conhecer ou martirizar
Ou desenho traços rectilíneos
onde desprendo sentimentos a caminhar.

Sou mãos.
Enconcho-as e recolho lágrimas
brotados de estados de melancolia
Ou fabrico gotas de orvalho
onde lavo fúrias disformes.

Sou mãos.
Cumpro ordens do coração
e espremo frutos em lábios sedentos
Ou cumpro ordens da razão
e aprisiono doces memórias
em estátuas de matéria indefinida.

Sou mãos.
Atiço matéria vulcânica
e queimo solos e desbravo caminhos
por onde flui a lava das veias
Ou mato margens de rios
e desnudo-as de qualquer geometria.

Sou mãos.
Rompo as grades das jaulas
e desenho voos periclitantes
Ou toco o ar e toco a terra
em malabarismos de cavalo selvagem.

Sou mãos.
Remo palavras contra a corrente
e afundo o perfume do meu delírio
Ou remo a favor do vento
e embriago a mentira da minha verdade.

Sou mãos.
Amarro-as em poeira de tempo
e perscruto-lhes as linhas, a sina da vida
Ou solto-as e viro-as do avesso
e escrevo apenas que sou mãos.

Marta Vasil

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O meu desejo


Murmurei o teu nome
às cores das flores.
Segredei o meu desejo
à brisa do mar,
pedi-lhe que te entregasse
em cores de arco-íris
o meu desejo de te amar.
Espero
deitada na areia
que a noite chegue
e que as estrelas
tragam o teu cantar
para juntos
fazermos poemas de amor
… e sonhar…
Vanda Paz

O que é ser Poeta



Ser poeta...

É caminhar
sob as nuvens sorrateiras,
movidas na mente
dos criadores
e nos socalcos do esplendor...
curando bebedeiras.

É usurpar,
temporariamente,
a palavra,
desenvolvê-la
e acumulá-la...
e, num ápice,
oferecê-la,
enfeitada,
à comunidade.

É desenvolver
empatias
e discordâncias,
perante as frases
que constrói,
sem repulsa,
e que com carinho
sempre usa.

É adornar
gestos envolventes,
recheados de travos
de mel,
com flores (das mais belas)
engalanados,
com intenção de superar
todo o fel.

É afrontar
a consciência
de um todo...
e esta medite sobre
as injustiças,
as represálias,
as explorações
e outras sensações,
para que ninguém
caia no lodo.

É conciliar
opiniões,
no âmbito
da plenitude da escrita,
sonhando...
que ela atinja o auge
e nunca se transforme
na desdita.

É provocar
celeuma
em todas as perspectivas
e colmatar
discernimentos...
dando ao uso
das palavras
uma superior
mescla de sentimentos.

É perpetuar
a imagem
da coragem
e da dor,
no sentido
de gerar conflitos
na razão,
para que as
gerações vindouras
possam usufruír
de mais e mais amor!...

António Martins

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Teu espaço vazio


Minha mão cai num espaço vazio
Meu olhar procura-te
No manto fino do céu
O choro do meu coração silencio
Sem que ele entenda
Porque está tão longe do teu!

Minha alma... ama
Despida do tempo e distância
Envolvida numa chama
Num fogo chamado... ânsia!

Meus sentidos reclamam
Tua presença constante
Agitados se enrolam
Em espasmos te chamam
Mas tu vives tão distante!

Me aconchego no meu próprio abraço
Porque o teu... não tenho
Me recolho no meu regaço
Sem entender este amor
Este amor...
Distante e estranho!

Fernanda Rocha

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Eu


Existe uma terra feita de abraços, bem no meio de um caminho longo onde o sorriso é a ponte que une as palavras. As viagens não são mais que o amanhã em forma de lua cheia. Tudo vai e tudo volta num arredondar de um verso sem fim. É de peito cheio que o barco tende a não atracar, envolvendo o mar no poema. A esperança sopra a vela que beija o calor do sol. Estendo, feliz, o meu corpo na areia e adormeço ao som do cantar das mãos que escrevem sobre as ondas, deixando-me ficar, como título escasso deste texto.

Vanda Paz

Manuel Alegre


Manuel Alegre nasceu em 1936 e estudou na Faculdade de Direito de Coimbra, onde participou activamente nas lutas académicas. Cumpriu o serviço militar  na guerra colonial em Angola. Nessa altura, foi preso pela polícia política (PIDE) por se revoltar contra a guerra. Após o regresso exilou-se no norte de África, em Argel, onde desenvolveu actividades contra o regime de Salazar. Em 1974 regressou definitivamente a Portugal, demonstrando, nos vários cargos governamentais que tem desempenhado ao longo dos anos, uma  intervenção fiel aos ideais da Liberdade.
 A sua poesia foi e é um hino à Liberdade e, talvez seja por isso que é lembrada por muitos resistentes que lutaram contra a ditadura. É considerado o poeta mais cantado pelos músicos portugueses, designadamente Adriano Correia de Oliveira, José Afonso, Luís Cília, Manuel Freire, António Portugal, José Niza, António Bernardino, Alain Oulman, Amália Rodrigues, Janita Salomé e João Braga.


As mãos

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre, O Canto e as Armas, 1967

Nada de novo debaixo do sol


Se você acha que apenas você está sofrendo, ou amando, ou desesperado, ou apavorado - enfim, se você acha que tudo de bom ou de mal na vida só acontece com você, relembre Salomão:
“Geração vai e geração vem, mas a terra permanece sempre a mesma. Levanta-se o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar, e nasce de novo”.
“O vento vai para o sul, e faz seu giro para o norte; volve-se e revolve-se, na sua carreira, e retorna aos seus circuitos”.
“Todos os rios correm para o mar, e nem por isso o mar se enche; (…)”.
“O que foi, é o que há de ser; o que se fez, isso se tornará a fazer. Não há nada de novo debaixo do sol”.
Salomão dizia isto há 3.000 anos - mas não para fazer com que nos sentíssemos inúteis ou repetitivos. Sua intenção era nos mostrar que, em nenhum momento, estamos sozinhos. Se Deus fez com que todas as gerações anteriores encontrassem seu rumo, fará a mesma coisa por cada um de nós. Afinal, Ele tem milênios de experiência com nossos problemas.

Paulo Coelho

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Palavras (coitadas delas)




Palavras
muitas palavras!

Coitadas delas
que são usadas
como belas
para atrair,
como ruins
para trair!

Coitadas delas,
que são usadas
como meras palavras,
quando o seu uso,
será para educar,
denunciar
e até libertar!

Palavras
muitas palavras!

Coitadas delas,
que são usadas
e abusadas,
por quem pensa
que é
o que não é!

José Manuel Brazão

Palavras


Palavras
só palavras!

Tantas gastas
e pouco usadas.

Quando procuro
quem as disse
ou escreveu,
fico desiludido!

O poder da palavra
é infinito!

As palavras
estimulam
ou desmotivam.

As palavras
criam paz
ou convulsões.

As palavras
causam desavenças,
em vez de uniões …

Para mim

as palavras
são um dom da natureza
para se conviver bem
com elas
e um elo de aproximidade
e de fraternidade …

José Manuel Brazão

Palavras

Madrugadas sem sons


Em madrugadas todas iguais
A solidão é a minha roupa
E numa vontade pouca solta
Solto as palavras
Em silenciosos ais!
Não sei que olhar vestir
Não sei que sorriso
Pintar
O desconhecido é o partir
A amargura o ficar!
Abro a janela á lua
Tão só quanto eu
Vestida de nua
O sol com amor a escolheu!
Ele a veste com sua luz
Nas noites frias a aquece
Na escuridão a conduz
Fielmente todas as manhãs
Docemente a adormece!
Fechei a janela e me deitei
Num quarto sem cor
De frio chorei
Não sei do Amor!

Fernanda Rocha

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Poema do Homem só


Sós,
irremediavelmente sós,
como um astro perdido que arrefece.
Todos passam por nós
e ninguém nos conhece.

Os que passam e os que ficam.
Todos se desconhecem.
Os astros nada explicam:
Arrefecem

Nesta envolvente solidão compacta,
quer se grite ou não se grite,
nenhum dar-se de outro se refracta,
nenhum ser nós se transmite.

Quem sente o meu sentimento
sou eu só, e mais ninguém.
Quem sofre o meu sofrimento
sou eu só, e mais ninguém.

Quem estremece este meu estremecimento
sou eu só, e mais ninguém.

Dão-se os lábios, dão-se os braços
dão-se os olhos, dão-se os dedos,
bocetas de mil segredos
dão-se em pasmados compassos;

Dão-se as noites, e dão-se os dias,
dão-se aflitivas esmolas,
abrem-se e dão-se as corolas
breves das carnes macias;

Dão-se os nervos, dá-se a vida,
dá-se o sangue gota a gota,
como uma braçada rota
dá-se tudo e nada fica.

Mas este íntimo secreto
que no silêncio concreto,
este oferecer-se de dentro
num esgotamento completo,

Este ser-se sem disfarce,
virgem de mal e de bem,
este dar-se, este entregar-se,
descobrir-se, e desflorar-se,
é nosso de mais ninguém.

António Gedeão

Julgar


Quando o ser humano aponta o dedo para alguém comete algumas falhas as quais passam despercebidas, porque muitas vezes tudo é feito no automático:

1. Estado Emocional. O início de qualquer doença sempre acontece com o nosso estado emocional alterado. O ato de apontar o dedo se dá quando nossa emoção sai do estado de equilíbrio. Neste exacto momento perdemos nossa capacidade de raciocinar.

2. Julgar. É uma atitude de soberba. Ninguém, neste planeta, se encontra na condição de poder julgar, porque TODOS estamos em processo de evolução e, portanto, sujeitos a cometer equívocos, falhas e erros.

3. Polegar – o dedo polegar na vertical índica e cria um eixo de energia com o Universo, fazendo com que nossas palavras potencializem o sentimento que emanamos. Em tese, estamos fazendo um sinal de "positivo". É uma forma de agregar mais energia à palavra. Sei que você não se dá conta disso. Eu também não prestava atenção a este aspecto até que meu Mestre ND me mostrou.

4. Indicador – serve de direcção para que nossos pensamentos e palavras atinjam o alvo de forma inequívoca. Olhe para a nuca de uma pessoa, aponte o indicador na mesma direcção e perceba as reacções dela... Nossa "bateria" tem muita força. Nós só a desconhecemos porque as religiões querem que assim seja. Quanto mais ignorantes formos, melhor para elas.

5. Retorno – Não nos damos conta de que, ao apontarmos o polegar, direccionamos os três dedos restantes para nós, o que representa simplesmente o retorno. Vamos receber a energia de volta, com carga a mais.
Está é uma demonstração da lei da Vida. Causa e Efeito.

Não nos tornamos aptos a interpretar estas coisas simples porque invariavelmente buscamos explicações no imaginário, no exotérico, na magia e naquilo que é incompreensível. É mais interessante buscar as verdades ocultas. Com isso esquecemos de "LER" e interpretar o simples. A vida é simples. Precisamos saber pensar, controlar emoções, nos alimentarmos adequadamente e sabermos como administrar dinheiro. Pronto, está dada a receita da felicidade e de uma vida saudável.
Claro que, para manter as pessoas atentas, é mais interessante criar mistérios. Com eles eu domino os fracos e chamo ou procuro chamar a atenção, para as minhas verdades. Isso deve ser interpretado como controle da mente externa. As consequências são terríveis no estado emocional e na vida de quem assim procede.
Isso também gera outras complicações. Quem tem seguidores cria para si uma responsabilidade muito séria com suas atitudes e exemplos. Não se pode mais usar o "Faça o que eu digo, mas não o que eu faço".

Enquanto ignoramos uma verdade não somos cobrados. Uma vez tomado conhecimento, este não pode mais ser deixado de lado em nossas atitudes. Aqui está a causa de muitas vidas terrivelmente embromadas. Sei, mas faço de conta que não sei. Não confio, mas faço de conta que confio. Esta atitude é enganosa e o maior prejudicado por isso somos nós mesmos. Lembre-se que sempre teremos "Três dedos" apontados para nós. Quem mente muito acaba se acostumando com as suas mentiras, que logo viram "suas" verdades. Passa a viver em um mundo imaginário. Irreal. Logo a droga é companheira.

Assim é a vida. Assim somos nós, queiramos ou não. Acreditemos ou não. Ninguém vai resolver os nossos problemas. Não há milagres disponíveis no Cosmos ou no Universo. Nós os causamos com as nossas posturas. Nós os consertamos com as nossas atitudes. Somos o problema e a solução de nossa vida. ACREDITE NISSO.

Faz anos, tive um atrito com uma pessoa que atracou seu barco ao lado do meu. Ele teve uma postura arrogante porque tinha um barco maior, de 32 pés. Seus marinheiros precisavam usar uniformes para que ficasse clara a distinção de classe nas pessoas que frequentavam o seu barco. Parecia dizer assim: Olha, ele trabalha para mim... Aqui eu comando e mando... Esta pessoa estava financeiramente muito bem de vida...
Passaram-se duas décadas... encontrei-o como cozinheiro e co-proprietário de uma Pousada. Sem barco, sem herança, sem empresa... obviamente que o mundo é culpado, e não ele!

O maior problema do ser humano não é ganhar dinheiro. O maior problema do ser humano é como gastar o que ganha. Como desfrutar o que consegue comprar. Portanto, o segredo de manter bens e propriedades não está só na geração do lucro, mas sim em como foi conseguido e no desfrute do benefício.
Com nossa vida é igual. Somos sim uma grande empresa. Poucos se dão conta que esta empresa não pode ter sócios. Que ninguém tem o direito de interferir nela. Nem mesmo a nossa religião. Nem mesmo a nossa família.

Não aponte seu dedo para ninguém e nem se cale quando uma pessoa fizer isso em sua direcção. Calar significa aceitar. Você é o único dono de seu destino.
Sei que nos veremos.
Beijo na alma

Saul Brandalise Jr.

Colaborador do site: http://somostodosum.ig.com.br/

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Carnaval só nosso


Vestidos de arco-íris vamos pelo salão
No compasso patente desse louco amor.
Ao conhecer na pele o toque da tua mão
Antevejo paixão nos teus braços, Pierrot.
Sem máscaras agora, somos apenas nós
Brincando na fantasia, que nos alucina
Esquecendo o tempo, esse nosso algoz
Recheamos de encanto cada verso, e rima.
O intenso brilho do teu olhar afiança
Que não haverá cinzas na quarta- feira.
E o sabor da boca acorda a esperança
Que chega vestindo a alma, sorrateira.
Alegria rara, de repente nos envolve
No enredo desse amor, rumo certeiro
Desatina o coração, embriaga, absorve
Diz que vai ser carnaval o ano inteiro.

Glória Salles

Pausa na monotonia (Sábado no Parque Club)


Encontrei este texto da minha Amiga Lib (Maria Liberdade) em que ela descreve um passeio em família, que me deixou a imagem de uma convivência saudavel e em certo momento a Lib - para espanto meu - lembrou-se de mim!
Esta Amiga tem usado gestos de carinho que eu nunca esquecerei! Reflectamos como as distâncias quando queremos não são obstáculos.

Uma vez a Lib escreveu-me o seguinte: " a distância une corações"!

Lib
Pela tua privacidade não insiro as fotos que acompanhavam o texto.
Beijos com carinho
José Manuel Brazão


Pausa na monotonia (Sábado no Parque Club)

Após um período de reflexão sobre as minhas atitudes rotineiras, decidi que é hora de transitar por "outras áreas", sair da monotonia, aproveitar mais a vida, ver pessoas reais, experimentar sabores e saberes diferentes...

Há alguns dias a prima Joseane convidou-me para um passeio. A resposta (como sempre) foi: não posso ir, tenho que estudar, arrumar a casa, aproveitar para descansar... Enfim, desculpas não faltaram. Mas ela não desiste fácil...
E não é que a insistência surtiu efeito! Acabei aceitando o convite e vivenciei um sábado ímpar, especial.

Nessa hora eu deitei no chão e fiquei fotografando o céu, as árvores...
Lembrei do amigo português José Manuel Brazão, o Acre é lindo, precisas conhecer!
Estou sem palavras para descrever o quanto esse dia significou para mim... Apesar das paranóias hidrofóbicas, em decorrência de um trauma de infância no Rio Acre, eu fiz a proeza de tentar superar meus limites e cair numa piscina, mesmo sabendo me virar tão bem quanto um saco de cimento.

Maria Liberdade

Enquanto espero


Em ondulantes brisas
Por vezes suaves
Por vezes fortes
O amor me visita a todo o instante
Não vejo, não olho, não toco
Mas sinto na sua presença constante
Que suas nuances perfumadas
Me beijam, me tocam
E como em histórias encantadas
Suas palavras
São carícias prolongadas.
Numa distância imposta pela vida
Mergulho em fantasias
Construo em ternura desmedida
O Mundo que me promete
Que antes que a Lua se deite
E antes que o Sol nasça
Virá a ser presença constante
Beijo permanente
Abraço que não mente!

Fernanda Rocha

Pausa


Fundo-me na coroa
Durante o silêncio que a flor encerra

Deixo-me agitar
No sopro que quase me adormece

Vejo as pétalas
Que se soltam e te massajam o sorriso

A seara aquieta-se
E eu curvo-me à serenidade que me assalta


Vanda Paz



E eu também me curvo perante a tua serenidade!
É uma das virtudes que te reconheço e que me ajuda na Vida!
Belo poema da minha Princesa da Poesia!
José Manuel Brazão

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Estou conflituosa


Estou conflituosa.

Ceifo sentimentos
com a alma e com os olhos.
Liberto-os em ventos e brisas
ou acorrento-os na alma.
Ressoam alto no peito
logo que a noite se abre.

É manhã. Estou conflituosa.

Liberto os despojos da insónia nocturna
amonto-os em palavras
que escrevo nas folhas da poesia.

Passam os dias. Estou conflituosa.

Pressinto a agonia dos meus poemas
quando, rastejando na luz que me acena,
os componho apenas
com o restolho deixado pelas mãos.

Não sei que fazer. Estou conflituosa.

Ceifo sentimentos
e os pardais agradecem como loucos.
Escrevo-os.
E sinto as mãos a mutilar a poesia
que rasteja estéril no papel.

Marta Vasil

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Estratégia político – poética


Sei que não nasci com dom para a política, nem tão pouco para poeta mas gosto de escrever umas coisas e como se escreve tanto por aí, de tudo e em todo o lado, também me sinto no direito de escrever sobre a estratégia político – poética.
A sabedoria é algo que não chega a toda a gente, até porque é muito mais fácil e barato ser-se esperto que inteligente, mas embora a inteligência seja escassa existem coisas que saltam à vista até dos mais burros. Somos um país de poetas (disso ninguém tem dúvida) e somos também um país de políticos (também já não é novidade), o pior é quando existem políticos que se fazem de poetas e poetas que acham que devem ser políticos. Querer ser alguém e querer vingar na vida é uma virtude a que nem alguns inteligentes chegam, mas querer tudo isso à conta dos mais fracos, é uma virtude só de quem é esperto. Voltando à poesia, a poesia é a arma mais poderosa para se entrar no peito das pessoas. Só um verdadeiro político sabe disso, só ele é capaz de estoirar poemas nas faces de sorrisos sinceros enquanto lhes arranca o coração do peito. Tudo começa com o encantamento, tipo cobras, lançando palavras cuidadas como flechas que acertam no alvo já destinado, depois existem as frases bonitas que servem de arrastão para o peixe que morde. E morde muito, nada como uma boa política descrita em poema para que a pesca valha realmente a pena. A ideia aqui funciona, captar o maior público possível para que seja eleito e reconhecido pelos seguidores. Este é o verdadeiro político poeta. Depois, existe o poeta que gostava de ser político, que se encanta a ele próprio e que sonha um dia ter o mesmo reconhecimento que um político. Escreve qualquer coisa para que seja lido e ouvido, o que interessa é escrever muito e de coisas que vêm nos livros para que todos pensem ser um intelectual que até podia ser político (homem de boas falas e conhecimento). Mas poeta que é poeta só pode ser político se se juntar a eles e é aí que entra a estratégia político – poética. O político faz o delineamento da estratégia casual dos espaços que querem trabalhar e o poeta dá a cara e as palavras e o povo gosta, e o povo vibra, tudo corre na maior das harmonias. O poeta é conhecido, o político enriquece e o povo paga, paga mas fica feliz pela poesia que encanta. Música penetrante e ruidosa aos ouvidos dos outros. Os outros são os que incomodam e devem ser eliminados tanto na vida da poesia como na política da vida.

Vanda Paz

Indiferença!



Indiferença!
Foi tudo o que vi nos vossos olhos,
na vossa boca, nos vossos sorrisinhos...
Olhei para vós e apercebi-me,
do mundo a olhar-me com desdém,
das pessoas que não são pessoas,
dos amigos que não são amigos,
das coisas que não são coisas...
Aí pensei...
Que vida é esta,
que mundo é este onde estou,
onde há guerra, ódio, morte e...
Indiferença!
Para onde quer que olhasse,
Só me conseguia aperceber disso
E nada mais!
Senti-me rejeitado,
Com aquilo que vi em vós,
Com as palavras que não chegaram a ser ditas!
Era como se...
me mandassem embora e
então isolei-me,
senti-me só... e pensei
NÃO!
Não vou cair por vossa causa;
NÃO, ISSO NUNCA!...
Pois seria ficar indiferente,
e ser indiferente
é tudo o que eu não quero ser!...

João Almeida

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Perfume


Intenso é o perfume
da água ardente que embriaga.
Que escorre descaradamente
por um peito
descoberto e fogoso.
Deleita-se
em ventre inquieto,
desnudando o sabor da ilusão
como um néctar bebido
sôfrego,
na palma da minha mão.

Vanda Vaz

Desespero e esperança


Desespero é sentir
E não poder tocar
Desespero é emergir
Num acordar... sem te achar!
Angustia é querer amar
Num amanhecer que traz
A certeza do que é estar
Longe de ti... do que quero
E tu não estás!!
Querer-te é dor... que não cansa
Desejar-te é sofrer
Com esperança
Que me amarás, sem doer
Num bonito entardecer
Em que teus braços
Me prenderão
Em laços
De paixão!
E numa doce ilusão
No meu acordar
Não mais estarei só
Encontrarei tua mão
Escrevendo em mim
O verbo Amar!

Fernanda Rocha

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Eu sei que estás aí ...


Para mim comunicar é das coisas mais importantes na vida.

Pela troca de opiniões, pelo diálogo, pela transmissão do saber, conseguiremos evoluir e conquistar progresso para as nossas vidas. Ultrapassaremos barreiras difíceis e quantas vezes transformarão a utopia em realidade.

A comunicar encontraremos caminhos de esperança.

Se eu não comunicasse, tinha a sensação de não existir.

Na minha vida acontece que teimo na minha existência falando e escrevendo. Tenho amigos que nos vemos regularmente, outros que nos telefonamos quase diariamente e, uma outra amiga distante de Lisboa, que nos escrevemos frequentemente.

Há pouco tempo numa mensagem disse-me: posso ter o meu tempo muito ocupado mas “eu sei que estás aí...”.

Existem pessoas que passam na nossa vida e ficam gravadas na nossa existência.

José Manuel Brazão


A ti Vanda que disseste: “eu sei que estás aí...” e eu direi: “Teu Amigo, sempre!”.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Desilusão


Quando nos assombra
A desilusão
Renasce a ilusão
De acreditar e sentir
Que nossa força renasce
Para a desilusão... em nós
Suprimir!
A lágrima caída
Pela desilusão sentida
Será espada
Sem ponta partida
Escudo de defesa
Contra quem se possa cobrir
Querendo ser intenso
Mas que ao ser aberto
É descoberto
E o mentiroso pretenso
Se torna um livro aberto!
Não chore tais pessoas
Sorria para si
Que de si, não fugiu
Porque não foi de si
Que a mentira saiu!

Fernanda Rocha

Para si José Manuel Brazão.
Os seus amigos não querem sentir a sua tristeza!


Ilusão sim. Desilusão , definitivamente não!


Um dia
pediste-me um poema.
Tu sabes
que o poema que te dei
foi a minha amizade.
Não precisas de escrever todas as letras
para que te entenda.
Não necessito de falar a frase completa
para que me sintas.
Tenho-te num abraço sem fim.
Numa amizade duradoira e sincera.
Para quê pensar em desilusão
se tens o melhor dentro do coração?
Para quê desanimar
se tens o dom de amar?

Agarra-te à riqueza da vida que já viveste,
às magoas, porque não?
É sempre melhor que chegar ao fim e não sentir nada.

Enquanto estiveres aí, eu estou aqui…

Beijo desta amiga sincera

Vanda Paz

Desilusão II


Neste momento qualquer decisão está presa por um fio!

Estou habituado a actuar na minha Vida de forma transparente e de mãos limpas e naturalmente a própria consciência!

Não ando no mundo da poesia para acautelar interesses, promover a minha imagem, mas apenas e tão só porque necessito de escrever, conhecer pessoas e ter momentos felizes!

Durante algum tempo encontrei tudo isso no Luso-Poemas, mas estou a desiludir-me pela segunda vez e para mim já está a ultrapassar a normalidade!

E está presa por um fio, porque estou aponderar serenamente, entre um grupo de pessoas que me acarinham – a quem muito devo – e outro grupo que simplesmente me esquece!

Podem dizer – mas não dizem, esquecem-me - que são muito meus amigos, que adoram o que escrevo, mas:

“ de frases bonitas estou bem carregado, mas então pratiquem essas frases”,
e na Vida aí reside a dificuldade!

Muitos e muitos Colegas sabem que não têm nada a ver com esta desilusão!
Tenho consciência e sei identificar no meu íntimo quem me leva a este desabafo que terá de se transformar em decisão: ou sim ou não!

José Manuel Brazão


Desilusão

Se tenho desilusão,
já tive ilusão!

Ilusão
como um homem
que se dá,
usa boa fé,
sorriem-lhe,
é bestial,
e outras coisas tal!

No fim
olho à minha volta;
uns tantos sinceros,
outros simpáticos,
e o resto:
indiferentes!

Que penso eu:
até ao fim da minha vida,
não mudarei,
serei sempre o mesmo,
com ilusões
ou desilusões!

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Coisa Amar


Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.

Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como dói

desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.

Manuel Alegre

Faltou o amor


Hoje eu quis cantar
O Amor
todos os tipos de Amor!...
É para ti criança
Que nos meus braços caíste
Me fizeste sentir
A tua dor
E da vida te despediste!
Ficará... sem nunca teres
Sentido
A tristeza... em mim
Pela fraqueza sentida
Por uma raiva desmedida
Um desorientado frenesim
por me faltar o poder
De impedir... a tua partida!
Quis cantar ao amor
De quem ao Mundo te lançou
Ao seu coração... sem calor
Que tipo amor lhe faltou?
Guardarei em mim
O teu querer viver
Pedirei ao Mundo... por fim
O Amor... é um bem a requerer!

Fernanda Rocha

O meu eterno e constante Amor para todas as CRIANÇAS!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Dúvidas


Rosas rubras de Maio
ou caules em rebentação?

Searas embrionárias
ou espigas e pão?

Sol e luz
ou escuro nas mãos?

Giestas, cardos, estevas
ou aves de migração?

Sol e lua no céu
ou astros caídos no chão?

Granito e basalto
ou areias varridas pelo suão?

Razão presente
ou poligamia de coração?

Dúvidas no fio da navalha.
Urge arredondar...
por excesso
ou por defeito?

Marta Vasil

Amar sem tempo


Para um poeta muito sensível e emocional só te consigo escrever:
Os teus poemas cada vez me emocionam mais! Sabes o que são lágrimas teimosas?
É o que me acontece quando te leio!
Beijos com carinho
José Manuel Brazão

Amar sem tempo

É neste afecto desmedido
que me encosto ao devaneio
e sonho o luar a beijar-me os sentidos.

Existe um horizonte
que nos separa das lágrimas.

Existe um querer
que nos junta em constelação
e nos faz brilhar a alma.

Gostava que fosses céu
e eu serra despida ao sabor do teu desejo.

Gostava de ser rio,
correr no leito do teu corpo
e amar-te sem tempo.

A foz será sempre o encontro dos teus lábios.

Vanda Paz

Quando o amor se esvai...


Existem destroços
morrendo à míngua
E sobejos proliferando...
Inúteis sobras
que cheiram mal.
Na varanda,
cujas paredes trincaram,
reina o silêncio.
Pragmático, exorável...
Do episódio do amor,
restou apenas,
o eco das palavras.
Os movimentos do olhar
que me despe...
Porém não vê minha nudez...

Glória Salles

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O teu mundo (da Poesia)


Conheci-te como visitante da minha página no Luso-Poemas e aí nasceu uma amizade que floresceu e se fortaleceu!

Com muita frequência mantemos contactos entre Lisboa-São Paulo-Lisboa.

Conhecemo-nos o suficiente para trocarmos opiniões e conselhos!

Frequentavas o Luso só para ler os textos dos Autores, mas dizias que “não te atrevias” a escrever!

Eu contrariava-te dizendo que tinhas de iniciar, tentar e depois vinha o resto!

Ontem para minha alegria apareceste em público com o teu primeiro poema. Um poema brilhante e de difícil criação, tratando-se de um texto descritivo de uma imagem do Frederico Salvo.

Agradou pelos comentários que já li e eu próprio não esquecerei este dia em que a luz do Sol foi toda tua!

Como teu Amigo e Colega estarei sempre ao teu lado!

Este mundo “O teu mundo ( da Poesia ) vai empolgar-te, motivar-te e sobretudo pôr-te de corpo e alma ao serviço das Letras e dos nossos leitores!

Muito sucesso, Márcia

José Manuel Brazão


(Dedicado à minha Amiga e Colega Márcia Oliveira)


Do Amor


Todos nós precisamos de amor. Faz parte da natureza humana - tanto quanto comer, beber, e dormir. Muitas vezes nos sentamos diante de um belo pôr-do-sol, completamente sós, e pensamos: “nada disto tem importância, porque não posso compartilhar toda esta beleza com alguém”.
Nestes momentos, vale a pena perguntar: quantas vezes nos pedi¬ram amor, e nós simplesmente viramos nosso rosto para o outro lado? Quantas vezes tivemos medo de nos aproximar de alguém, e dizer, com todas as letras, que estávamos apaixonados?

Paulo Coelho

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Márcia Oliveira


A minha Amiga Márcia resolveu agora e finalmente apresentar-se como escritora em público, partilhando os seus textos!
Fez a sua estreia no Blog do nosso Amigo Frederico Salvo "Pistas de mim mesmo" a quem agradeço a cedência da imagem de que é titular!
Márcia também já publicou hoje no Luso Poemas.

Márcia, muito sucesso
e Beijos com carinho

José Manuel Brazão

Pistas do passado

À frente tracejada, ricamente detalhada
Uma velha casa, semi aberta ou abandonada
Majestosa escarpa sobre a mata verde vasta
Derrama lágrimas entre suas fendas castas

Sob o índigo céu, paira inócua centelha
Insólita peça, desbotada, vermelha
Esquecida no estéril chão largo e batido
Pelo sol, pela chuva, pelo uso esculpido

O que a visão do arvoredo oculta?
Quantos segredos a relva sepulta?
Vultos, sons, passos fortes, miragens,
Vozes, gritos, lamentos, imagens.

Suaves matizes, nuances, sombreados
Retalhos de vida nos ligando ao passado
Quem desenha poesia com tal sentimento
Verseja em traços a alma, senhora do tempo.

Poeta que escreve em desenho a história
Em riscos hábeis, rebuscando a memória
Frágil, imprecisa de um longo tempo, tardio
Retrata momentos que ao vê-la sentiu.

Que pedaço da vida esconde a gravura
Que o poeta exaltou ao poetar a figura?
Ânsia de dar à história, valor por direito
Retratando essa paisagem de modo perfeito.

O que há no interior desse quadro intrigante?
Que ao poeta ao compor, lhe escapou num instante?
Paixão, solidão, quem sabe desejo ou amor?
Nessa tela, poeta, não há botão nem flor!

Márcia Oliveira

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Medos


Já não sabendo quem sou
Vagueio pelo Mundo
Recuando quando o Amor
Se me oferece
Tento apagar esse segundo
Como um louco que esquece
Que ficar sozinho
Pode ser cair fundo
E acordar só, em cada dia que amanhece!...
Se a luz iluminasse
Os meus medos
E quebrasse
As correntes que me prendem
Contar-te-ia meus segredos
E voltaria a ser gente
Que sente
Sem medos!

Fernanda Rocha

Dueto eterno


É quando me agarras as palavras
pela cintura
e me envolves na dança de um poema
que me desarmas.

Em tom de tango
contornas-me o corpo
e resgatas-me a alma
num movimento sublime e intenso.

O fado dos teus lábios nos meus
é o dueto eterno em que navegamos
neste rio onde te recebo ao sabor da lua.

Tenho sede de ti.
Seca-me a voz quando te respiro
e te sinto ancorado
naquele miradouro à procura de nós.

Não me deixes agora,
devolve-me a esperança
de encontrar aquilo que fomos
e juntos despertarmos o abraço,
o beijo e o prazer de sermos um só.

Vanda Paz

Leve meu coração


Se me quer, converta o caminho e volte.
E dos meus lábios maduros, colha o fruto.
Pois descobri, será sempre você meu Norte.
E dessa necessidade estranha, não me furto.

Vem, sussurra os versos da tua poesia.
Derreta o gelo dessa longa madrugada.
Soletrando meus sonhos, a pele acaricia.
Mergulha tua latência na alma represada.

Então entrarei em tuas frestas, teus vãos.
Te acolhendo feliz, lânguido em meu regaço.
E deitaremos às margens do nosso cansaço.

E quando outra vez na desmedida amplidão.
Se for e me deixar no silêncio abissal, no breu.
Leve meu coração, que será para sempre teu.

Glória Salles

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Voo de emoções


No sono profundo
abri os olhos...
No espelho da humanidade
tentei encontrar, marcas
do lugar que havia sonhado...
Sinto que me perco
num voo de emoções...
Jardins de lírios brancos
num mundo transparente,
plantado no universo azul
engalanado pelas estrelas
o sol e a lua...
Perfumado pelos bosques
em essência odorífera...
Estático tempo, sopra o vento...
Ausenta-se o meu tento...
Procuro razão,
olhos nos olhos,
as sombras estão cegas
relâmpagos alucinados...
Estrondosa realidade,
fragmentos despedaçados
ao encontro da utopia
outrora ambicionada...

Ana Coelho

Usando o lado oposto


Deus costuma usar a solidão para ensinar-nos a convivência. Às vezes, usa a raiva para que possamos compreender o infinito valor da paz. Outras vezes, usa o tédio, quando nos quer mostrar a importância da aventura e do abandono.
Deus costuma usar o silêncio para ensinar-nos a responsabilidade do que dizemos. Às vezes, usa o cansaço para que possamos compreender o valor do despertar. Outras vezes, usa a doença quando quer nos mostrar a importância da saúde.
Deus costuma usar o fogo para nos ensinar a água. Às vezes usa a terra para que possamos compreender o valor do ar. Outras vezes, usa a morte, quando quer nos mostrar a importância da vida.

Paulo Coelho

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Transparência


Almas arranhadas.
Nuas. Diáfanas.
Deslizam sucos atados às recordações
em fendas sem geometria,
dissimuladas na terra lavrada.
Texturas alisadas
com as mãos em contradição.
Desejos desenhados
em litografias desnudadas.
Transparência
em floração de sobressalto
surpreendendo o silêncio.

Marta Vasil

Guardo o teu amanhecer


Guardo o teu amanhecer.
De mãos dadas
desejo que o tempo não te leve.

Respiras suave
sobre o meu rosto e sorris.

O calor do teu corpo
envolve o meu,
recordando a noite
que ambos passaram.

Guardo o teu amanhecer.

Amanheces…e vais…

O beijo
prolonga-se na espera,
até ao próximo encontro.

Vanda Paz

Cantinho da Poesia - A minha Gratidão


No início do ano 2006 entrei como autor no “Antigo Cantinho” (hoje Cantinho do Jota) e aí me lancei com os meus poemas e as minhas prosas no mundo da Net!

Nessa altura o nosso querido e saudoso João Almeida e presentemente o nosso Amigo Fernando Lima sempre usaram uma gentileza, que me levou a uma motivação que nunca imaginei, ter a repercussão alcançada!

Hoje em dia tenho dois blogues: “ No caminho das emoções” e Poesia com emoções” que são acompanhados no Brasil (em vários Estados) Argentina e ainda em Itália, Suíça, França e Espanha!

Publico ainda nos sites: Luso-Poemas, Escritores do Brasil e Brasil Poesias.

Para mim a palavra gratidão tem valor supremo e nada disto tinha acontecido, se eu não tivesse começado pelo nosso Cantinho!

Nunca abandonarei o Cantinho da Poesia como prova de gratidão e ainda bem que ainda estou, porque me sinto muito feliz de ser testemunha dos 1.000.000 de visitantes!

Contem comigo enquanto Deus Permitir!

Abraços poéticos aos nossos Visitantes;

Saudações poéticas para os nossos Colegas;

Muita Luz para o João Almeida

e

Um Abração para o Fernando Lima e sua Equipa.

José Manuel Brazão

Vinícius de Moraes - O meu Mestre

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Desilusão


A palavra
Semente da mentira

Ilusão perdida
De um olhar

Desesperança
Dos sentidos crus

Logro
Até da dor… até da dor…

Vanda Paz

Súplica


Não vá embora, eu suplico
Sozinha aqui eu não fico
Preciso da tua companhia
A dor é humilhante, causa agonia

Quantas vezes você também errou!
Eu sempre quis recomeçar
Mas até agora você não me perdoou
Fazendo o meu coração despedaçar

Não sufoque o amor dentro do peito
O que passou não tem mais jeito
Para o meu sofrimento, só você tem a cura
O teu desprezo é o passaporte para a minha loucura

Maria Liberdade

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Amar-te-ei para sempre!


Um amor assim,
vivido
e alimentado por mim,

de quem ama com alma!

Um amor
no tempo em silêncio,
na memória do tempo,
com lágrimas
guardadas na alma
e outras
escondidas na sombra da Lua!

No resto do meu caminho,
até final desta vivência,
amar-te-ei para sempre!

José Manuel Brazão

Vera, hoje é o teu dia!


Um grande dia para a minha Amiga Vera Silva!
Trata-se do lançamento do seu livro "Amar-te em silêncio".
A forma que encontrei para estar com ela, é publicar um dos seus belos poemas!
Beijos e muito sucesso!
José Manuel Brazão


Amar-te em silêncio



Breve é o sonho
Em que me fundo à tua alma
E assim ficamos unos,
No espaço infinito da razão
Que nos cobre de estrelas cadentes
E risos inocentes, cálidos,
Como a voz do poema.

Breves instantes de ilusão
Em que o acordar é claro e límpido
Sem teu corpo perto,
Sem teu cheiro
(que mesmo assim
se m'entranha na pele
e m'esgota a consciência).

Amar-te é causa e efeito,
Propósito sem intenção,
Meu rumo e destino...

O silêncio mata-me
E grita no peito que arde,
Nas veias que pulsam
Levando a vida ao coração.

Não peças palavras...
Lê-me o olhar!

Vera Sousa Silva

Amigo


Amigo...
És tu...
Tu que não pensas só em ti,
Que me ajudas quando estou em baixo,
Que nada queres, mas tudo dás,
Tu que ris, que brincas,
Que me fazes sentir gente,
Que sou alguém...
Mas...
És também,
Tu que me dizes não,quando é necessário,
Que me corriges quando erro,
Que me levantas quando caio,
Que me seguras quando vacilo,
Que me amparas quando tremo...
Tu! Que és meu AMIGO!...

João Almeida

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Acerto mágico





Na mágica mistura
Entre a música e o Universo
A poesia compõe o harmonioso
Descompondo...o controverso!
A melodia combina
O movimento da onda e do vento
Denunciando a força e a fragilidade
Que o ser Humano alcança
Lembrando ao adulto
Que já foi criança!...
Entre a melodia e a poesia
Há um pedido gritante
A ti, Homem... da vida, viajante
Que nada é teu
Que tudo é de todos
Que tudo o que é grande
Foi pequeno... e cresceu!...
Nada, sozinho... nasceu
Nada, sozinho... venceu
A beleza, sem fronteiras... do Universo
O acerto mágico de cada movimento seu
É um Não ao descontentamento!...
É um Sim ao encantamento!...
Dando ao Homem a Luz
Que o Bem partilhado
Jamais a Dor... Produz!

A Natureza grita, assobia, canta, implora, tréguas ao Homem!

Fernanda Rocha

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Desperdício


A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade".

Carlos Drummond de Andrade