sábado, 28 de fevereiro de 2009
Sou mãos
Sou mãos.
Talho círculos e aprisiono sentires
para me conhecer ou martirizar
Ou desenho traços rectilíneos
onde desprendo sentimentos a caminhar.
Sou mãos.
Enconcho-as e recolho lágrimas
brotados de estados de melancolia
Ou fabrico gotas de orvalho
onde lavo fúrias disformes.
Sou mãos.
Cumpro ordens do coração
e espremo frutos em lábios sedentos
Ou cumpro ordens da razão
e aprisiono doces memórias
em estátuas de matéria indefinida.
Sou mãos.
Atiço matéria vulcânica
e queimo solos e desbravo caminhos
por onde flui a lava das veias
Ou mato margens de rios
e desnudo-as de qualquer geometria.
Sou mãos.
Rompo as grades das jaulas
e desenho voos periclitantes
Ou toco o ar e toco a terra
em malabarismos de cavalo selvagem.
Sou mãos.
Remo palavras contra a corrente
e afundo o perfume do meu delírio
Ou remo a favor do vento
e embriago a mentira da minha verdade.
Sou mãos.
Amarro-as em poeira de tempo
e perscruto-lhes as linhas, a sina da vida
Ou solto-as e viro-as do avesso
e escrevo apenas que sou mãos.
Marta Vasil
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2 comentários:
Amigo
Não quero parecer vaidosa, mas gosto de ver aqui o meu "poema", porque como já te fiz chegar, ele deve-se um pouco a ti, ao teu incentivo (quase a passar despercebido)para as mãos voltarem a escrever.
Beijinho de gratidão pela tua amizade
MV
Seu blog está muito bonito, estive aqui visitando. Bjos daqui.
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