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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Estou conflituosa


Estou conflituosa.

Ceifo sentimentos
com a alma e com os olhos.
Liberto-os em ventos e brisas
ou acorrento-os na alma.
Ressoam alto no peito
logo que a noite se abre.

É manhã. Estou conflituosa.

Liberto os despojos da insónia nocturna
amonto-os em palavras
que escrevo nas folhas da poesia.

Passam os dias. Estou conflituosa.

Pressinto a agonia dos meus poemas
quando, rastejando na luz que me acena,
os componho apenas
com o restolho deixado pelas mãos.

Não sei que fazer. Estou conflituosa.

Ceifo sentimentos
e os pardais agradecem como loucos.
Escrevo-os.
E sinto as mãos a mutilar a poesia
que rasteja estéril no papel.

Marta Vasil

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