Tendo em vista os vários questionamentos sobre meus textos e poesias,
quanto aos temas e à inspiração, o que mais eu posso dizer senão que a poesia é
arte e como arte é criação.
Na mais das vezes os sentimentos eclodem na linguagem d’alma e,
pessoalmente, acho mesmo que a poesia é a linguagem d’alma, sem dimensão,
portanto, pois se expressa no diapasão das inúmeras reencarnações até do
próprio universo, em mutação, quanto mais às nossas reencarnações em
aprendizado constante, em tamanhas experimentações e crescimento, no mesmo
tempo em se possa mensurar o eterno.
Assim há poesias que crio através da observação e que significam a mais
profunda reflexão de elementos fáticos, tirados até da própria profissão, haja
vista que voltada à área da família, em que os sentimentos tantas vezes se
contorcem na ausência do diálogo, na perda da empatia e, pior, no
desentendimento do próprio eu, em desequilíbrio atroz.
Outras há que, ao contrário, falam da beleza das interações, assim também
chegadas, pela mesma via de observação, através do contato com pessoas e fatos
notáveis.
Outras e outras e outras a significarem a projeção do ideal, a criação do
especial, a construção de um cenário real aos sentimentos que assim são capazes
de construir de fato o nosso dia a dia, pois somos também frutos do que
plasmamos e sentimos e pensamos e mais um sem fim de interações.
A própria trilha vinda do além e seguindo para o mais além traz
conotações poéticas que se expressam naturalmente como resumo de vivência ou
aprendizado, nunca só, sempre em soma, que é nisso que acredito.
Minha própria vida não descrita e sim transformada em pura arte, na
pintura que permanece de cada experiência personificada, vivenciada, sentida,
aprendida e até perdida, chega, expressa, como conclusões, como história de
sentimentos esparramados e não contidos, mas sem nada a ver com um especificado
momento ou um momento atual.
Eu diria até que a poesia em sua essência se faz atemporal.
Quando, por exemplo, uma poesia fala de olhos tristes, mais do que dos
meus, fala em metáforas do sofrimento ou da tristeza comum a todos, que vamos,
pelos caminhos, aprendendo a reconhecer.
Então, sem querer me estender demais neste texto eu digo que os meus
poemas e as minhas poesias não tem uma direção certa, um alguém especial, uma
história atual, ou um romance, ou um idílio, um pretendente, não, as minhas poesias
não são autobiografia, nem telegramas ou recados, elas são antes de tudo a
expansão da arte em temas reflexivos em que as metáforas dançam seu balé diário
na plenitude da beleza, na plenitude universal do amor, chão de todos os
sentimentos, quer sejam intensamente gratificantes, quer mornos ou gélidos em
seus tormentos, porque esse é o estado natural da alma, que fala, que se
expressa no universo da vida e a semente vital é tudo isso e se chama amor e
como raiz presume infinitos sentimentos derivados, próprios à reflexão e à
construção do mundo poético, que o poeta elabora e produz e propaga e
redimensiona e cria e plasma e, mais que tudo, marca.
Será que eu me faço explicar?
Um beijo especial em cada um dos que me leem, dos que leem os meus textos,
meus poemas, minhas poesias, meus livros, “até muitas das minhas petições
poéticas”, e retornam através de comentários tão enriquecedores e
questionamentos, que como o que gerou este texto, fomentam uma troca, assim,
por demais gratificante entre nós.
Obrigada, obrigada e obrigada, sempre e sempre e mais.
Márcia
Fernandes Vilarinho Lopes
em participação especial
Poeta
e Membro benemérito
da
Casa da Poesia
1 comentário:
Um texto bem escrito - seja prosa ou poesia - sempre chegará aos seus leitores de uma forma especial. Muitas vezes, eles o tomarão para si. A 'culpa' seria do escritor ou do excesso de imaginação/vaidade de quem lê?
Enviar um comentário