Dona Vitalina
Vitalina era o nome
dela. Mulher forte, guerreira
Enviuvou cedo, com
três crianças ainda pequenas.
Trabalhava de
servente numa Escola Estadual e foi assim que criou os filhos.
Dona Vitalina era a
minha avó, e eu, (acho), era s sua neta preferida (rsrs). Ah, eu era sim. E
olha que ela teve 15 netos!
Cresci em seu colo
e em seu colo fiquei até poucos dias antes dela ir
embora.
Foram vinte e três
anos de colo, de carinho gostoso, de aconchego, de cumplicidade...
Não consigo me
lembrar dela sem me emocionar
............................
Eu a acompanhava
pra todo lado. Nas visitas as amigas, nas lojas, nos mercados, ou simplesmente
para um passeio.
Todas as vezes que
saíamos ela passava na Casa de doces Brasil e comprava pra mim um doce que eu
adorava. (Até hoje vou lá)
Ela comprava
roupas, calçados, me dava presentes, e às vezes muitas broncas também.
Mas essas logo
passavam. Nada que um abraço apertado, um beijo, ou só um sorriso, não desse
conserto.
Não me esqueço de
um dia eu já grávida das minhas filhas, com a cabeça deitada em seu colo. Ela
acarinhava meus cabelos enquanto conversávamos.
Já fazia um tempo
que ela reclamava de dores no estômago. Mas era teimosa, não queria saber de ir
ao médico. Ficava brava se alguém insistisse... Só ia se fosse amarrada.
Um dia, cansada de
vê-la gemer de dor, eu é que fiquei brava. Falei sério com ela, chamei-lhe a
atenção e disse com firmeza que ela iria sim ao médico. Mande que ela trocasse
a roupa. É... eu mandei porque pedir não ia adiantar.
Então ela foi...
ela foi e não pode mais voltar pra casa
..........................
Minhas filhas
estavam com 15 dias de nascidas. Um dia ela pediu pra vê-las.
A última lembrança
que tenho é de estar com minhas filhas no colo no pátio de fora do hospital e
ela da janela do quarto acenando e sorrindo...
De um lado a vida
desabrochava em meus braços e do outro se despedia...
E eu ali no meio
morrendo por dentro de tristeza e de alegria
...............................
Até hoje quando me
lembro penso que, talvez se eu não tivesse insistido tanto com ela, ela teria
vivido um pouco (mas esse é o meu lado egoísta) porque eu sei que ela sofreria
muito mais...
Isso aconteceu dois
anos após perdermos meu irmão. Aquele do violão e Dom. dom. dom...
E a vida
continua...
regina
ragazzi
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