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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Alto enredo


Os lábios se descolam dos seus
De uma forma tão delirante
Os dele tornam a colar aos seus
Quando já lhes diziam adeus
Perante desejo palpitante

Assim se encostam os narizes
Entre as ondas da sofreguidão
Revigorando pelas raízes
Sonho colorido de matizes
Empolgadas pelo coração

Adiante gestos de afeição
No abraçar sem quaisquer limites
Lufadas de plena imensidão
Sem se questionar por contenção
Por onde salpicam apetites

Envoltos de alegria e dor
Apetrechos da massa humana
Exultando ao máximo valor
A que damos o nome de amor
Ante rubor que dela emana

Revolvem-se os plenos sentidos
Naquele cenário de afagos
Entre os corpos tão perdidos
Não escutando outros pruridos
Senão os seus arfares tão vagos

Culmina o sensual enredo
Perante as estrelas cadentes
Que germinam de tamanho medo
Escondido no rico vinhedo
Nos resquícios adjacentes


António MR Martins

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