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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O teu poema




Salta a vontade
de morder as sílabas
que se encavalitam
em poema,
dengoso mas sério.
Afasta-se
desenfreadamente
de um texto
incomodando-o e provocando-o.

Rasga-se na quadra,
em dois,
o número dos encantos
ou de tantos outros prantos,
que chora
e engorda de sonhos
aquele que vai no engodo
mas não é louco de todo…

ah poeta de mil cores
de carnes e dores
que magoam, mas entoam,
a desgarrada medida
de uma mentira sentida
(mas por si, já falecida)

ah poeta como te cheiro
em cada letra em cada seio
como sorvo aquela frase
trazendo as asas de uma ave
em brisa de verbo aliciar
(mas que não deixou de voar)

Provo eu cada pedaço teu
por uma lágrima que me nasceu


ah Poeta,
o teu poema, em mim, renasceu.

Vanda Paz

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