domingo, 13 de dezembro de 2009
Hora morta
Vazia é a imagem
do tempo frio.
A alma
árvore despida
ao abandono do tempo.
As raízes encharcadas
apodrecem
enquanto caiem as lágrimas
secas.
No espaço dos olhos
o abismo.
A boca cerrada
como um túmulo.
Nas mãos
já não crescem os dedos
cortados antes do prazer.
Perdeu-se o poema,
o grito,
a vontade da revolta.
As folhas verdes
que dizem de esperança
caíram
amarelas de fome.
O corpo
um eco estrondoso
de silêncio.
O mosto
para seiva generosa
azedou
antes da embriagues.
Falhou o calor,
o abraço,
a palavra…
Cumpre-se assim
um destino.
Onde rasgaram
a última página do livro
deixando a hora
abandonada à sua sorte.
Precisava de um final,
uma certeza
onde se pudesse olhar
enterrada com os sonhos.
Só o relógio lembra
que ainda existe vida
porque ela já morreu,
há muito tempo…
Vanda Paz
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