quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Natal
De repente o sol raiou
E o galo cocoricou:
— Cristo nasceu!
O boi, no campo perdido
Soltou um longo mugido:
— Aonde? Aonde?
Com seu balido tremido
Ligeiro diz o cordeiro:
— Em Belém! Em Belém!
Eis senão quando, num zurro
Se ouve a risada do burro:
— Foi sim que eu estava lá!
E o papagaio que é gira
Pôs-se a falar: — É mentira!
Os bichos de pena, em bando
Reclamaram protestando.
O pombal todo arrulhava:
— Cruz credo! Cruz credo!
Brava
A arara a gritar começa:
— Mentira! Arara. Ora essa!
— Cristo nasceu! canta o galo.
— Aonde? pergunta o boi.
— Num estábulo! — o cavalo
Contente rincha onde foi.
Bale o cordeiro também:
— Em Belém! Mé! Em Belém!
E os bichos todos pegaram
O papagaio caturra
E de raiva lhe aplicaram
Uma grandíssima surra.
Vinícius de Moraes
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1 comentário:
Estimado Amigo e Ilustre Poeta
Adorei eswte belo poema, que para além de nos anunciar o nascimento de Jesus tem igualmente algo de risonho nessa balada dos animais.
Adorei.
Aproveito para lhe desejar a si e sua estimada família, que passem esta Quadra Natalícia com Muita Saúde, Paz e Amor e, que o Novo Ano vos traga as maiores venturas.
Um abraço amigo, cá do Reino do Sião
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