Outros Blogs do meu grupo:


quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Natal


De repente o sol raiou
E o galo cocoricou:


— Cristo nasceu!


O boi, no campo perdido
Soltou um longo mugido:


— Aonde? Aonde?


Com seu balido tremido
Ligeiro diz o cordeiro:


— Em Belém! Em Belém!


Eis senão quando, num zurro
Se ouve a risada do burro:


— Foi sim que eu estava lá!


E o papagaio que é gira
Pôs-se a falar: — É mentira!


Os bichos de pena, em bando
Reclamaram protestando.


O pombal todo arrulhava:
— Cruz credo! Cruz credo!


Brava
A arara a gritar começa:


— Mentira! Arara. Ora essa!


— Cristo nasceu! canta o galo.
— Aonde? pergunta o boi.
— Num estábulo! — o cavalo
Contente rincha onde foi.


Bale o cordeiro também:


— Em Belém! Mé! Em Belém!


E os bichos todos pegaram
O papagaio caturra
E de raiva lhe aplicaram
Uma grandíssima surra.

Vinícius de Moraes

1 comentário:

António Manuel Fontes Cambeta disse...

Estimado Amigo e Ilustre Poeta
Adorei eswte belo poema, que para além de nos anunciar o nascimento de Jesus tem igualmente algo de risonho nessa balada dos animais.
Adorei.
Aproveito para lhe desejar a si e sua estimada família, que passem esta Quadra Natalícia com Muita Saúde, Paz e Amor e, que o Novo Ano vos traga as maiores venturas.
Um abraço amigo, cá do Reino do Sião