Eu nasci com fome de vida. Fórceps. Queria sugar até a última gota da
minha mãe. Tinha olhos azuis da cor do céu, grandes vitrais da minha pequena essência. Depois de um tempo fui menina de olhos verdes, profundos e intensos, de pura contemplação e absorção.
Agora meus olhos são cor de mel, e têm essa mania de avidez, devoram tudo que vêem, que lêem. São famintos o tempo todo. Não se saciam de luz, de cores, de vida. Não são olhos de ressaca, são de tempestade, de vulcão.
Mastigam e engolem. O estômago dos meus olhos é a alma. E é nela que tudo é digerido. Metabolismo intenso, porém lento. Não por causa do alimento, mas da complexidade do órgão. Foi assim quando pus meus olhos em você. E quanto mais te vejo, mais meus olhos te procuram, mais te querem famintos, mais te levam pra minha alma que digere a sua imagem em minúcias até que toda a sua substância se torne comigo um único ser. E eu possa te ser, me ser, ser nós.
Sandra Freitas
minha mãe. Tinha olhos azuis da cor do céu, grandes vitrais da minha pequena essência. Depois de um tempo fui menina de olhos verdes, profundos e intensos, de pura contemplação e absorção.
Agora meus olhos são cor de mel, e têm essa mania de avidez, devoram tudo que vêem, que lêem. São famintos o tempo todo. Não se saciam de luz, de cores, de vida. Não são olhos de ressaca, são de tempestade, de vulcão.
Mastigam e engolem. O estômago dos meus olhos é a alma. E é nela que tudo é digerido. Metabolismo intenso, porém lento. Não por causa do alimento, mas da complexidade do órgão. Foi assim quando pus meus olhos em você. E quanto mais te vejo, mais meus olhos te procuram, mais te querem famintos, mais te levam pra minha alma que digere a sua imagem em minúcias até que toda a sua substância se torne comigo um único ser. E eu possa te ser, me ser, ser nós.
Sandra Freitas
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