Outros Blogs do meu grupo:


quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A loucura da palavra


Sabes amigo
hoje escrevo-te
para te dizer
que a palavra morreu,
sucumbiu nas ameias
da garganta
pálida na respiração
que a língua não lhe deu!

Agora já nem os olhos
choram
as moradas onde ela
se vai dilacerar…

E no fim da vida
a sua única despedida
foi a virgula esquecida
entre duas sonantes palavras.

Ah! É verdade
não era uma virgula só
trazia consigo um ponto
um ponto congénere
com o ponto final,
mas era apenas
uma alegoria à virgula marota
que teima em parar a respiração!

E agora que a palavra morreu
e jaz numa lápide fresca
nos escombros do sol,
o poeta pode fechar a gaveta
arrumar a caneta
e da folha de papel
fazer uma caravela
deita-la no rio
a deslizar ao encontro
do imensurável mar…

E tu amigo
podes enfim navegar sem parar!


Ana Coelho

1 comentário:

POEMAS AO CAIR DA TARDE DE CELINA VASQUES disse...

Realmente um poema belíssimo cheguei a arrepiar!
Parabéns querida poetisa pelos versos fantásticos!
Beijos ternos!