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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Nada


Nasci do nada.
Cresci com nada.
Vivi de nada.
Nunca tive oportunidade de nada.
Nunca tive acesso a nada.
Não sou nada.
De tanto viver com nada
Só sei viver de nada.
É por isso que gosto tanto do nada.

Sou nada.
Nada ser é tudo ser
Se no nada tudo cabe,
No tudo, nada cabe.
Ser nada é ser vida,
porque do nada nascemos
que foi vida que deu vida
Do nada.

Cresci com nada.
Nada tive para viver
Mas tudo tive para crescer.
O corpo cresceu
A alma viveu do nada
Que era tudo dentro do nada.

Não tive acesso a nada
Numa luta desenfreada
Conquistei o nada
Para ser o que não sou.

Nunca tive oportunidade de nada
Tudo fugia quando lá chegava
Do nada fiz-me a partir da minha alma.

Só sei viver com nada
Já estou habituada.
Não tendo nada tenho tudo
Sou eu e a minha alma.

É por isso que gosto tanto do nada.
Não espero nada,
Vivo o minuto que é nada,
Sem pensar no minuto seguinte.
Vivo no tempo sem tempo
Porque tenho tempo de viver o nada.
O nada não precisa de tempo
O tempo não existe para o nada.
Mas neste tempo e neste nada
Tudo existe, tudo persiste.

Manuela Silva

* Minha Amiga e Autora no site literário Casa da Poesia *

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