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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Poema sobre um Mundo que se Foi - Ensaio


Abro os meus olhos
Um novo amanhã
Vejo o mundo embaçado

Esfrego os olhos

Tudo continua torto
As cores mudaram
As pessoas mudaram
O mundo é outro

Procuro o meu café
Ele tem outro gosto
O ar está pesado
Tudo meio distante
As pessoas mudaram
O mundo é outro

Esfrego os olhos

Agora limpo lágrimas
Elas escorrem apenas
Porque não choro
Apenas respiro
Outros cheiros
As pessoas mudaram
O mundo é outro

Piso no chão e ando
Os caminhos são outros
Os telefones mudaram
Os endereços mudaram
A cidade mudou
E eu não percebi que...
As pessoas mudaram
O mundo é outro

Idéias, pensamentos
Formatos, crenças
Avaliações, brincadeiras
Forma de amar
De beijar
De abraçar
Tudo mudou
As pessoas mudaram
E o mundo
Bem, acho que não pertenço mais a esse mundo
Ele não é mais meu
É de outros
Que permitem
Que exageram
Que não sossegam
Que não ligam
Que admiram o vazio
Que vivem
Ou apenas sobrevivem, tanto faz
Porque essas pessoas são outras
E eu não pertenço mais a esse mundo

Darei um tempo ao tempo, porque já dei uma vida
Tentei, espernei, construí, criei, sofri, tentei
E o meu mundo é outro
Porque o mudaram simplesmente
Aquelas pessoas o mudaram
Então o mundo é outro
E eu já sei, não pertenço mais a esse mundo.

Um dia, lá na frente
Lerão meu poema
Esse aqui, pode ser
E ele estará mudado
Porque o mudarei
De onde estiver
O poema será outro
E as pessoas
Ah, as pessoas
Não serão mais desse mundo
Porque o terão destruído
O café, o ar, o cheiro
Os abraços, os beijos
Serão lembranças sutis
De um mundo melhor
Um que existiu um dia
Em algum lugar
E que não é mais de ninguém.

Renato Baptista
em participação especial


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