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domingo, 22 de novembro de 2009

A carta que nunca seguiu


Gosto de me encostar à tarde que chega. Sopro os sonhos ao vento e arregaço os luares que espreitam. Agora é a minha vez de dançar com os teus versos. De fazer amor com a tua voz sentindo na pele as tuas palavras. Deixo que me vejas a alma em tons de um desejo vadio. Deixo que me aqueças as coxas com mãos de adjectivos insanos, que me tocam e que me querem. Ofereces-me sempre lençóis de poemas onde me deito e me entrego nua ao teu pensamento. O meu corpo pertence-te desde aquela noite que me amaste na distância de um mar prateado coberto de estrelas, despi-me na espera de um tempo longo demais. Entreguei-me de olhos fechados à vida saboreando cada segundo daquele momento. Deixei-me flutuar no copo que me deste a beber embriagando as ilusões. Serei tua até ao momento que fechar os olhos para sempre. O meu brilho será o brilho dos teus olhos o sorriso da tua boca. Entorno-me sobre uma vida que me acolhe entre lágrimas, nunca nada está bem, nunca existe o sabor de amar uma rosa vermelha simplesmente por ser uma rosa vermelha. Gostava tanto que sentissem, tal como eu, o bater das asas de uma borboleta, o sol a beijar a face fria. Mas tu sentes, o simples fechar dos teus olhos é quadro que se pinta na mais pura sensibilidade, o teu silêncio provoca ventanias em corações distantes, tu sentes os olhares inquietos que te perturbam, que te aliciam, tu sentes. De qualquer modo, jamais serei o horizonte do teu olhar, o ar fresco que possas respirar, serei apenas e só aquela mulher distante que te ama, muito…

Vanda Paz