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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Quando eu partir...



quando eu partir amor,
não chores as noites imperfeitas
nem violentes a voz no recanto dos ciprestes.

não quero soluços ou raios enlouquecidos
na rampa trémula e dorida da campa
nem acendas velas intranquilas
atormentando o silêncio das pedras.

sei que fui pouco ou nada,
que sobrevivi na vaga do caminho
quando fui estampido de acção.

ergue na colina um labirinto de sopros
que sentirei no meu arco
alinhavado e adormecido de sol.

trarás mariposas embebidas em sossegos
e no meu ventre as poisarás
esperando que me entrem extasiadas
nas veias já corroídas.

dirás às aves escondidas e vigilantes
para voarem o vento todo
e dizer do meu porto, o meu acordo.

encontrarás no jardim uma tábua,
pesada e redonda, onde escrevi esquinas
e memórias no sabor do mar e da colina.

saberás então que não parti
nas bátegas do sono,
mas que apenas adormeci os ombros.

Eduarda

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