sexta-feira, 30 de julho de 2010
Não imagines
Não imagines. Como podes imaginar se não tens o céu nas mãos? Lê-me entre os raios de sol e sente. Não imagines, confessa-te em mim. Ofereço-te em cada palavra o júbilo de te amar, entra no poema e sente. Não tentes imaginar porque a tua imaginação não suporta o calor que me ferve nas mãos. Conserva o suor do meu corpo e o momento em que me entrego como o mar que beija a areia constantemente. Conserva o brilho dos meus olhos e as palavras que não te digo e voa. Deixa-me florir em ti como um poema. Deixa que o poema nasça pela manhã na floresta orvalhada de sonhos por cumprir. Não me imagines mar inteiro porque sou apenas o rio que corre no teu leito em silêncio. Não imagines uma resposta breve porque cada palavra escrita é um pedaço de mim que te deixo. Hoje a alma escorre-me dos olhos pela saudade das tuas mãos. Hoje as palavras soltaram-se em fúria pela espera demorada. Não imagines uma resposta porque não tens consciência do que eu posso escrever sobre a saudade. Seriam Outonos e Invernos carregados de folhas húmidas sem fim. Uma lareira incasável a trepar paredes e a escorrer num suor frio e cansado. Tu sabes que és a Primavera do meu corpo enquanto o tempo faz-se Verão quando somos um. Tu sabes que os lábios se incendeiam, que a lua é grande e mágica. Sabes que as noites sorriem quando se separam do tempo. Tu sabes que o abraço é gaivota livre que paira sobre o tempo. Não imagines. Sente. Sente. Sente-me.
Vanda Paz
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