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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Assim que o mar beijar o Sol


Trago as mãos cheias de amanhã, fecho-as enquanto espero pelo momento em que o mar beija o sol. A vida empurra-me constantemente para o sorriso enquanto me nascem rios no peito que se soltam pelo corpo e me fazem dançar, feliz. Prendo a palavra nos lábios até que se solte a poesia em suspiro. É hora de me deitar sobre o Outono, é hora de abraçar o lume e aconchegar-me em lençóis feitos de pele.

Embriago-me com o cheiro do vinho novo e estendo-me ao longo das videiras nuas, sinto-lhes o cansaço. Podem agora derreter o tempo porque o amanhã delas só vem na próxima estação. A terra vai-se alimentando do açúcar dos bagos que ficaram para trás. Os homens e as mulheres despedem-se em silêncio em memória dos cânticos que ficaram agarrados aos cachos.

Ouço ao longe uma melodia que se cola ao corpo, que me agarra os membros e fala em desejos perdidos. Sinto o cheiro da ilusão, da incerteza oferecida em bandeja para engano da esperança. Arrepio caminho e volto para trás, tenho as mãos cheias de amanhã e é para lá que vou… assim que o mar beijar o sol.

Vanda Paz

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