quinta-feira, 22 de abril de 2010
Agora mesmo
Está gente a morrer agora mesmo em qualquer lado
Está gente a morrer e nós também
Está gente a despedir-se sem saber que para
sempre
Este som já passou
Este gesto também
Ninguém se banha duas vezes no mesmo instante
Tu próprio te despedes de ti próprio
Não és o mesmo que escreveu o verso atrás
Já estás diferente neste verso e vais com ele
Os amantes agarram-se desesperadamente
Eis como se beijam e mordem e por vezes choram
Mais do que ninguém eles sabem que estão a
despedir-se
A Terra gira e nós também A Terra morre e nós
Também
Não é possível parar o turbilhão
Há um ciclone invisível em cada instante
Os pássaros voam sobre a própria despedida
As folhas vão-se e nós
também
Não é vento É movimento fluir do tempo amor e morte
Agora mesmo e para todo o sempre
Amen
Manuel Alegre
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