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terça-feira, 21 de abril de 2009

Sonhos


Chama por mim um lugar
longe daqui, longe deste tempo.

Chama por mim a eira
onde punha o pensamento a desfolhar.
O carreiro de pedras
onde ao deitar da tarde
desfilava sonhos em cartas de marear.
A horta em mancha esmeraldina
onde colhia as couves
que ao fosco da tarde e já em surdina
me davam de cear.
O forno de lenha a crepitar
à espera do pão de centeio
com que me havia de deliciar.
Era menina com sonhos entrançados
presos com elásticos inquebráveis
Hoje, mulher, ainda entranço sonhos
por vezes, presos com elásticos já cansados.

Marta Vasil

1 comentário:

Marta Vasil (pseud.de Rita Carrapato) disse...

Obrigada amigo, quase já não me lembrava deste "poema". Já faz tempo que o publiquei e longe vai o tempo a que ele se reporta.
Refere-se a memórias de coisas passadas bem longe de onde agora moro. Lembro-me bem das saudades que senti no dia em que o escrevi. E agora e aqui vim novamente lembrar alguns sonhos que antes entrançava.

Não se consegue viver sem memórias e, sobretudo, sem sonhos, não é, amigo?

Rebusca dentro de ti memórias antigas que te sorriram e verás que hoje também te farão sorrir.

Um sorriso para ti e um beijo de carinho

MV