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sexta-feira, 17 de abril de 2009

Devaneio


Nas orquídeas respiro o tempo que traz o silêncio. Ceifo o destino de mágoa e semeio terras de doçura que nascem dos teus olhos. Por vezes provoco-te, incendeio-te os dedos fazendo-me de musa terna que chega em pedaços de brisa inquietante. A lua é perfeita tal como o poema que escreves e o sentimento que exploras, imperfeito é o abraço que te dou.
Convido-te para dançar, a música o murmúrio do meu corpo. Aceitas, agarras a distância e quase que me tocas. Os passos estão certos, o compasso responde ao ritmo de quem se quer. Nasce-me o sorriso de ver uma gaivota livre que voa para um horizonte com a pressa de quem ama. O peito, que quase rebenta em euforia, declama em gemidos de prazer o momento em que vê o espumar da onda.
O futuro encontra-se no vazio das minhas mãos. A Primavera e o Outono vêm sempre como cálices de vinho generoso que nos beija os lábios. Chamo-te para que te chegues ao meu corpo e te sirvas, descansando depois as palavras no meu ventre.

Vanda Paz

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