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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Os dois lados


Mastigo os pensamentos de modo a dilacerar a ideia de um dia me entender. Estou de braços presos ao momento em que me abraço e me reconheço. Talvez a vida que aqui vivo no meu escritório não seja a minha. Olho a secretária e lembro-me de ti, afinal é a minha vida, se não, não me recordaria dos teus olhos fechados de prazer. Lá fora o pássaro não pára de cantar, ele canta sempre, todos os dias, todas as horas. Quem sabe se o destino dele é cantar para mim? Fico contente que ele cante, mas aborreço-me porque ele canta sempre. Por vezes, estando eu triste, era dever dele ficar calado, sentindo assim comigo a minha tristeza. Com o canto do pássaro existe o cantar das máquinas, que enchem vinho, rotulam garrafas e não param, para minha alegria.
Eu estou bem no meio e é aqui neste pedacinho de chão que não me entendo. Se caio para o lado do pássaro, sonho e iludo-me com a vida. Se vou para o lado das máquinas tenho a realidade da vida a arranhar-me o corpo.

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Afinal, já entendi porque gosto de estar aqui, porque controlo os dois lados e ainda me lembro de ti.

Tália

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