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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Detrás dos óculos, tanta vida...


Ao meu pai.

Meu rosto é palco de todos os mundos...
Os lábios em batom cor de boca, esboça
um sorriso, ainda que triste...
Olhando-o através dos olhos daquela miúda
segura por tua mão...
Não consegue disfarçar a nudez desconcertante,
que da alma, traz outras versões.
Hoje seguro as tuas mãos, tentativa de trazer o ontem,
que estampa imagens que ao longe se movem,
soletram palavras quase inaudíveis,
como se escrevesse por linhas tortas.
Nos olhos uma subtileza que conheço bem,
mostrando-me novas versões de uma mesma verdade...
O exposto é o que menos incomoda.
A verdade dos olhos são os detalhes que leio.
Essa verdade sem códigos...
Da cadeira dessa varanda vê o mundo.
Teu olhar deixa minhas trilhas expostas, me traduz,
meu coração vira território aberto, pastos verdes,
e meus pesadelos abranda, emprestando a frágil luz.
Não deveria ser o contrário?
Mas o frágil coração sabe...
Que seu olhar é remédio preciso e forte,
para curar ausências.
E suas palavras, ainda que as vezes sussurradas,
promessas de fartas colheitas.
Seguro tuas mãos...
Sentindo a força de um cavalo zaino
cujo destino é vencer.
Neste momento tenho a certeza de que o futuro,
mora detrás destes óculos...

Glória Salles
25 Novembro 2008
Flórida PT

1 comentário:

Hugo Rebelo disse...

belissima partilha

saudações

http://coresemtonsdecinza.blogspot.com/