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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Sigo por uma estrada


Todos os dias sigo por uma estrada,
por uma estrada com curvas e lombas,
sigo também em rectas
e por todas abro bem os olhos...

Olho na frente e suas bermas, carregadas de cores,
que mudam no espaço e no tempo.
Vejo murros cinzentos e gradeamentos,
rosinhas e rosas algumas já murchas
outras lindas e viçosas.

Campainhas abertas que mudam
em cada manhã descoberta,
em cada história que é certa
numa paisagem deserta
ou coberta de papoilas, azedas e trevos.

Imagens pintadas nas estações e no tempo…
A vida o momento e o movimento...

O gato que salta,
no miar do tempo corre e trepa,
numa árvore robusta ou noutra já seca,
o cão que não o vê,
envolto no rebanho que passa.

O cavalo parado, preso na corda
muito bem amarado
com o alimento ao lado,
em fardo compresso de palha.

Contemplei as begónias, num murro risonhas,
brancas e rosáceas em cachos vertidos,
junto às trepadeiras nos arames farpados.

Escutei o riso e o choro das crianças
que acordam na beleza da manhã…
O orvalho caído em formosura cristalina e límpida,
no verde das folhas ainda bem hirtas e maduras,
numa gota transparente e pura.

Havia no tempo fios repletos de andorinhas,
num aroma a maça, de uma manhã…
só mais uma com gomos de romã
e brincos de cerejas, num cheirinho a hortelã!

Frutos que nascem…na memória que esboça,
dos caminhos passados. ..
No cheiro a pinheiro e no fruto do marmeleiro
…de quem passou por lá!
No sibilar do andar do vento…

Cristina P. Moita

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