sábado, 7 de março de 2009
NÓS, as outras!!!
Quando li a mensagem da Izabel foi difícil não reconhecer a minha própria vivência no que diz respeito às relações amorosas... eu pertenço ao grupo das "outras" e nunca compreendi nem vou compreender a atitude da ex em relação à separação.
A culpa da separação foi toda minha, a outra, que apareceu para lhe estragar o casamento de 8 anos. Eles praticamente não dormiam juntos há 2 anos, nada na vida de ambos era partilhado, a não ser as compras e um filho, na altura com pouco menos de 1 ano. E a culpa foi minha porquê? Ele nunca estava em casa por minha causa, que nem sequer fazia parte da vida dele, ou porque já nada sobrava da relação que existiria no início, 8 anos antes? E o que é que ela fez em relação a isso durante todo esse tempo? Acompanhou-o onde ele ia? Ia ter com ele à sala e ficava no sofá com ele quando ele não se deitava na cama à noite? Cozinhava as comidas preferidas dele quando ele trabalhava até tarde e esperava para comer com ele? Não, ela não tentou de maneira nenhuma manter o casamento. Preferiu uma relação em que ela estava em casa, esperava por ele, que vinha quando lhe apetecia, nunca o acompanhava em nada aos fins de semana, a não ser para comprar mais alguma coisa que ela quisesse.
Na realidade preferia fingir que estava tudo bem, desde que ele lhe comprasse tudo o que ela quisesse. E talvez para ela essa fosse a vida ideal, mas será que ela alguma vez se perguntou se ele era feliz? Ou, como o meu ex, achou que como ela era feliz, então ele também era? Sim, o meu ex disse-me essa barbaridade egoísta ao máximo quando falámos no divórcio pela primeira vez.
Pelo menos ela não partiu para a violência física. Não sei se foi à bruxa, mas usou toda a violência verbal que conseguiu com todos os conhecidos comuns, usou o menino como moeda de troca, levou tudo o que havia em casa (e quando eu digo tudo, quero dizer sobraram as paredes) e só lhe deu o divórcio 2 anos depois da separação, já vivia com outro parceiro há 1 ano. Será que ela ganhou alguma coisa com isso? O ódio, a raiva e a frustração contribuíram para fazer dela uma pessoa melhor? Na realidade acho que não, pois ainda outro dia, esta semana, já 4 anos depois, o pequeno me dizia que a mãe dele dizia que quando o pai arranjasse outra mulher que não eu etc., etc., etc….
Na realidade nem consigo ficar melindrada com isso, só me dá vontade de rir e tenho mesmo muita pena dela. 4 anos depois ainda pensa nisso? Céus, nem o actual a ajudou a esquecer, a andar para a frente? Será que isso também é culpa minha? Provavelmente ela deve achar que sim.
Perdeu um marido excepcional – e eu sei porque vivo com ele – e não aprendeu nada, não aproveitou a lição, não tentou perceber os porquês da situação, nem sequer tentou manter uma boa relação para bem do filho, um baixote lindo de morrer que eu adoro e que me adora.
Ao contrário do que acontece nas novelas, as “outras” e “outros” não são os culpados das separações. Quando um casal se ama, partilha uma vida verdadeira, com as dores, lágrimas e problemas inerentes, mas que também partilha as alegrias e a riqueza de ter alguém com quem falar, com quem rir, não há nada nem ninguém que os separe.
Uma vez um psicólogo amigo da minha família disse-me que o casamento era como criar uma corrente: cada episódio, cada dor, cada alegria era mais um elo que se juntava à corrente que mantinha as pessoas juntas. E se não se criam os elos, o que acontece com a corrente? Parte, deixa de existir.
Eu e ele, a “outra” e o “outro” dos nossos anteriores casamentos vivemos juntos, trabalhamos juntos (sim, fizemos uma sociedade profissional), vamos juntos a todo o lado e somos realmente felizes. Discutimos quando temos de discutir, rimos sempre que podemos e partilhamos os nossos 3 filhotes ao máximo. È a relação perfeita? Não sei, mas pelo menos para mim é perfeita e tento o mais possível mantê-la tal e qual como está. E sei que ele também pensa assim, porque me preocupo em perguntar.
Só gostava que as “ex” desesperadas, que culpam tudo e todos pela situação que muitas vezes elas próprias criaram, percebessem que uma separação pode ser uma mudança de uma vida que na realidade não podia ser perfeita – ou a separação não teria acontecido – e a aproveitem para crescer como seres humanos e viverem uma vida mais farta mais completa, mais feliz com outra pessoa, sem ódios nem rancores. Só temos esta.
Agradeço muitas vezes a Deus o desígnio que me fez tornar na “outra” do meu amor. Foi sem dúvida a melhor coisa que me aconteceu.
Helena Marques
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