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quarta-feira, 4 de março de 2009


Na superfície polida ergue-se o monumento
Não há sol, não há chuva, sequer um movimento
Traços rústicos, simples, de serena leveza
Harmonizam silêncio com intensa beleza

Sino em claustro, silente, calado
Portas fechadas, (incoerente pecado)
Inabalável força na cruz que resiste
Pela fé implacável, incansável persiste

Solo fecundo, quase imaculado.
Arbustos à frente, ao fundo, ao lado
Ao alto, a cruz na torre encravada
Rompe os céus pelos anjos arrebatada

Mas talvez seja a ausência de cor e de vida
Que faça a gravura parecer tão sentida
Outrora palco de alegria ou lamento
Refúgio ou pilar de qualquer sentimento
O que deu ao homem a torpe ilusão de poder?
A falta de fé, trocando o ser pelo ter
Guerra, traição, vidas perdidas, iniquidades
Agoniza a infância na inversão das verdades

Natureza agredida, miséria, fome, censura
Juventude roubada, dor que consome, tortura
Mas ainda há tempo no templo sem fechadura
Há um caminho, uma pequena abertura

Resta ao mundo reaver a esperança
Talvez na inocência de uma criança
Invocando em prece o final da ambição
Num abraço honesto de irmão para irmão

Fé e honra, nobreza dos atos
Igualdade e justiça, verdades de fato
Fé sem nome, sem dono, sem cor ou nação
Vida plena e poesia declamada em canção


Márcia Oliveira


Imagem: Frederico Salvo

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