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sexta-feira, 13 de março de 2009

Amor em lume brando


Na frouxidão do poema encontrei o silêncio agarrado às cores da ilusão. Mudei de linha, saltei o verso. Escondi-me atrás das árvores de frutos vermelhos e brilhantes, tentei resistir, mas em pouco tempo mordi o pecado. Os pássaros deixavam cair o canto na terra lavrada. Aos poucos nasciam cânticos em canteiros coloridos. Ninguém se importava por aquele pedaço de palavra pequena que tinha ficado rasgado em cima da cama. Todos passavam de olhos bordados às letras, soltas, sem pestanejar o silêncio. Por vezes o momento era ritmado entre o morder do pecado, o canto dos pássaros, o cântico dos canteiros e o pedaço de palavra de letras soltas que gemia, gemia...
Passavam as horas de anseio e por fim as estrelas brilhavam à luz de um sol feito de olhares quentes. A Primavera abraçava assim o Inverno com ar terno e doce, sabia que ele iria partir, a espera seria grande até ao próximo encontro. O Inverno sempre tivera inveja do Verão que a veria mais bela e morena que nunca. Mas teria de se ausentar num espaço demasiado longo, deixando as lágrimas da saudade no orvalho da manhã e a frescura da noite para que ela se lembrasse dele.
A felicidade estava tenra, o sabor era sereno e o aroma intenso e lento. Escalei à brandura do momento e retive-me de dentes cravados na maçã… estava na hora de mudar o ritmo do tempo.

O fogo mantêm-se, brando mas persistente.

Vanda Paz

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