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sexta-feira, 16 de maio de 2008

Prof. Agostinho da Silva - Texto 1


Meus Amigos
Devo dizer-vos, com toda a franqueza e sinceridade possíveis, que, ao contrário do que às vezes se julga, nunca pensei nada de completo, de coerente e de algum futuro, senão depois de ter reencontrado, por Jaime Cortesão e António Quadros, o chamado Culto Popular do Espírito Santo ou Culto do Divino.
O que, para mim, não exclui, e por isso empreguei o reencontrar, que tenha eu próprio andado no tal Século XIII, e marítimo de Algarve, pastor do Alentejo, ou já aburguesado no Porto, envolto com os outros na Festa do dia de Pentecostes em que sonhava o povo português sentir-se já num Paraíso a vir, e até um Paraíso mais seguro, porquanto sem tentações.
Ou então a celebrar o Culto noutros tempos mais próximos, e noutros lugares, porque houve Brasil, com os que fugiam de Portugal, e houve na América do Norte, com os emigrantes, o que me leva agora a desejar que tenha o Presidente Itamar, o tão de Minas Gerais, algum pensamento de lembrança, e por muito diferente que seja a linguagem, sejam fiéis ao mesmo anseio, os de uma Presidência Casada, Bill Clinton e ...ilária.
Ou que mais longe, pelo menos em espaço, quem sabe se na China de Deng Xaoping, se esteja avançando para a junção de duas faces, ambas visíveis e tocáveis, de um corpo perpetuamente misterioso, existente e inexistente, uma face de economia e uma face de teologia, místicas e talvez matematizáveis as duas, mas sempre com nítidos e gerais efeitos práticos.
Posto isto assim, e acreditando num Universo sacralizável ou de que se descobriria o Sagrado, na possibilidade de uma vida gratúita, numa defesa e desenvolvimento contínuos do Poeta que nasce com cada Criança e numa desejável inteira liberdade de cada ser, o melhor é não o andarmos pregando, mas o pormos em prática.
Como felizmente o posso fazer não ficarei com direitos de autor das Folhinhas, como não tenho ficado com os de outras publicações.São de todos os Amigos, as reproduzirão como queiram.
Os tais quinhentos escudos serão para o material e portes de quem as queira receber em casa.Sempre com muita pena de a correspondência ainda não ser gratúita. Mas, um dia, lá chegarão os CTT.
Lua Cheia de 8.3.93
Agostinho da Silva

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