Queria deixar palavras bonitas com cores garridas e cheiro a
alecrim
Queria estender a poesia na pele nua e branca e colher as
rosas
Esquecidas pelo tempo nos lábios entreabertos em suspiro
vago
Queria recriar o amor quente nas minhas mãos vazias e sentir
Enaltecendo o belo do olhar atordoado na madrugada adiantada
Queria agradecer ao mar a vida enrolada nas ondas
E as ondas enroladas na vida que é noite de lua cheia e fria
no meu peito
Lembro-me de todas as pedras do meu caminho
E de todas as vezes que tinha medo e voei de olhos fechados
para a palavra
E das noites que adormeci nos teus braços dentro do poema
Queria que as manhãs voltassem a cheirar ao azul do céu
E que todo os pássaros levassem nas asas a liberdade que
lhes pertence
E que as crianças sorrissem os dias encantadas com o branco
que somos
Queria que hoje se abrissem as portas e se embriagassem os
homens
Num abraço de respeito onde a amizade fosse o néctar
perfeito
Para que o rio continuasse a correr para o mar naturalmente
Lembro-me de todos os gritos que calei
E de todas as vezes que te tinha por perto de olhar apertado
contra o verso
E dos dias em que nasci e voltei a nascer dentro de ti.
Vanda Paz
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