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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Pedaços de sol


Dos pedaços de sol que me enviaste, só um não me cabe, é lágrima salgada do sol nascente, é manhã embriagada com fome de poente. Os outros são como luvas que me cobrem a pele deixando-me a boca com sabor a mel. Nos dias em que me nascem girassóis no olhar fogem as noites que cheiram a luar. Uivam as horas em desencontro, crescem os silêncios nas letras e ao fim do dia morrem cansadas. Já nada é seguro no meu abraço, já nada é pedaço do meu cansaço. Sobram-me noites no peito enquanto escuto o brilhar de cada estrela. São elas que traçam o caminho do sorriso, são elas que apagam a madrugada pernoitando no abismo de cada pensamento. Os sonhos que brotas dos olhos eu quero sorver.

Vanda Paz

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