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terça-feira, 5 de agosto de 2008

O texto da mulher


Gabriela Mello Barbosa, nascida em 29-11-1981, é estudante de Comunicaçăo Social na Universidade Federal Fluminense. Diz năo ter "nenhum trabalho, ou melhor, paixăo, publicada".

O texto da mulher tem perfume que às vezes se sente só pelo título. Tem todo o jeito de quem anda por andar, sinceramente sem querer chegar a lugar nenhum. O texto da mulher dá para ver que demorou muito tempo pra ficar pronto, e ainda năo está. Dá para ver que uma mulher escreve para outra — para outra completar. O texto da mulher tem um silęncio gostoso de se ouvir e pronto para ser quebrado. Tem natureza própria: vento que sopra a cara e provoca os cabelos; lua que, nua, se banha no mar — festa nos navios negreiros...! O texto da mulher dá orgulho: a gente fica lendo, boba, descobrindo um monte de coisas que já sabia e que só precisava lembrar. O texto da mulher fecha os olhos quando faz carinho, como se fosse ele o acarinhado... todo texto de mulher tem um filho no presente e um amante no passado. O texto da mulher faz arte: colore o que passa em branco na vida e pára o que passa rápido demais — pőe o pé na frente e zás! Segue soberba, sabe que năo adianta olhar — năo para trás. O texto da mulher parece sempre que foi a gente que escreveu —- será uma concentraçăo de saudades e esperanças comuns, ou alguém me esmiuçou sem eu deixar? O texto da mulher treme, grita, chora e comemora em uma só língua; e faz a gente pensar que somos, todas, fragmentos de uma mesma criatura com dois lindos seios e um santo ventre, que caiu, quebrou e nos espalhou um dia. O texto da mulher vale a pena a qualquer hora: de manhă, de tarde, de noite... Esteja a solidăo aqui, ou batendo na porta, do lado de fora.

Gabriela Mello Barbosa
(Texto e Imagem)

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