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segunda-feira, 28 de abril de 2008

A lição do limite



Você já notou como algumas pessoas têm uma tendência a confundir a expressão dos sentimentos que surgem nos diálogos que estabelecemos no dia-a-dia com elas?Muitas vezes a nossa compaixão é confundida com um toque de permissividade e, quando vemos, somos ultrapassados por acontecimentos que soam ao nosso coração como traição, falta de respeito pelo nosso tempo e espaço, roubo de nossas ideias e criações. Se nos mostramos disponíveis e abertos corremos o risco de nos tornarmos aquele que é chamado para fazer tudo, acudir a família e os amigos, causando relações de mágoa e ressentimento quando não nos mostramos tão disponíveis assim.Não sei se você está entendendo o que quero dizer.No trabalho, por exemplo, por sermos mais rápidos e práticos, conseguimos resolver os desafios de forma mais dinâmica. Isso pode nos tornar, aos olhos do chefe, como aquele que vai ter que encarar todos os problemas que os outros não conseguem. E, aos olhos dos colegas nos tornamos o fominha, o sabe-tudo, o bom de bola, ganhando não só uma montanha de trabalho, como o desprezo daqueles que não conseguem fazer.Estar aberto e disponível ao mundo e às pessoas tem seus riscos. Sabe por quê? Porque algumas pessoas desconhecem limites e não pensam duas vezes em depositar nas costas do outro suas necessidades, suas frustrações e expectativas.Por isso é preciso saber se posicionar frente a tudo e todos. A lição do limite é algo que temos que aprender rapidamente.E quando falo em limites estou falando alto para eu ouvir também. Aprender a dizer não pode ser uma coisa muito saudável. Mas é, acima de tudo, corajosa.Como a maioria de nós foi criada com o sentimento cristão da caridade ilimitada, e quando trilhamos o caminho da espiritualidade isso pode ficar ainda mais profundo, corremos o risco de confundir compaixão e amor incondicional com permissividade sem limites.Ninguém veio ao mundo para servir a outro ser humano. Servimos se esta for a nossa decisão. Se este for um desejo de entrega do coração. A ténue linha aqui é não deixar que os outros se sirvam de nós e nos usem como se fôssemos seu ouvido particular ou seu poço dos desejos, trazendo até nós tudo que os aflige, levando toda a nossa energia.O universo nos dá todos os dias a lição da troca, do equilíbrio. O pássaro tem liberdade total de comer o fruto - desde que ele deixe a semente num outro lado do campo para que esta semente germine e a espécie se preserve. A semente germina e cria condições para que mais pássaros se alimentem e assim por diante. Há uma cadeia de trocas euma sequência harmoniosa de vida.Assista os movimentos que acontecem ao seu redor e veja como esta troca entre os seres humanos anda muito injusta. Milhares de pessoas usando outros milharesapenas para manter seu conforto, bem estar e riqueza material. Para não deixar de sentir prazer. Para evitar o desconforto que nos faz refletir, crescer, encontrar saídas criativas para as nossas vidas.Dói profundamente constatar que uma multidão faminta, escrava de sua ignorância, de sua falta de visão e espaço, puxe com sua força física as carruagens dos reis indolentes que, refastelados, só querem colher aquilo que é doce e fácil.Já diziam os mestres: ninguém pode crescer em direcção à luz fazendo sombra ou causando algum prejuízo ao seu semelhante (e quando falo semelhante me refiro a tudo que está VIVO no Universo).


Izabel Telles


NOTA: Foto e texto publicados no site: http://somostodosum.ig.com.br/


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