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segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Fragmentos de mim

Recuso a ideia de me fragmentar, cada vez mais desejo a união de mim mesma, ter os olhos na cara e poder ver o que o corpo sente. Ter as mãos agarradas ao corpo e poder escrever o que vejo e o que sinto. Tudo num todo: que sou eu!
Mas os meus olhos estão longe e os sentidos confusos. O olhar está no peito e o coração ausentou-se para parte incerta (incerta?) e eu aqui de mãos agarradas à escrita onde o sentido és tu.
O corpo estende-se nos dias porque falta-lhe a base para repousar; fragmenta-se nas horas: está preso no espaço entre o nosso abraço (que demora!), recusando a ideia de não te voltar a receber.
Os pés arrepiam caminho sempre que os viro a sul e tentam afogar-se sempre que os mergulho no mar, estão cansados de andar e não chegar ao lugar certo, ao lugar onde se deitam e se entrelaçam nos teus.
Já a voz vai ficando muda porque já não tem o que contar; preciso de me encontrar no teu olhar, recordar o sabor dos teus lábios e voltar a sentir o teu abraço (deixando que os sentidos coloquem os sentimentos no lugar certo) para depois voltar a recordar e escrever o luar e as marés que crescem no meu peito, ansiosas, mas em tempo certo; juntar todos os meus pedaços e voltar a ser eu: inteira!

Vanda Paz


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