Recuso a ideia de me fragmentar, cada vez mais desejo a
união de mim mesma, ter os olhos na cara e poder ver o que o corpo sente. Ter
as mãos agarradas ao corpo e poder escrever o que vejo e o que sinto. Tudo num
todo: que sou eu!
Mas os meus olhos estão longe e os sentidos confusos. O
olhar está no peito e o coração ausentou-se para parte incerta (incerta?) e eu
aqui de mãos agarradas à escrita onde o sentido és tu.
O corpo estende-se nos dias porque falta-lhe a base para
repousar; fragmenta-se nas horas: está preso no espaço entre o nosso abraço
(que demora!), recusando a ideia de não te voltar a receber.
Os pés arrepiam caminho sempre que os viro a sul e tentam
afogar-se sempre que os mergulho no mar, estão cansados de andar e não chegar
ao lugar certo, ao lugar onde se deitam e se entrelaçam nos teus.
Já a voz vai ficando muda porque já não tem o que contar;
preciso de me encontrar no teu olhar, recordar o sabor dos teus lábios e voltar
a sentir o teu abraço (deixando que os sentidos coloquem os sentimentos no
lugar certo) para depois voltar a recordar e escrever o luar e as marés que
crescem no meu peito, ansiosas, mas em tempo certo; juntar todos os meus
pedaços e voltar a ser eu: inteira!
Vanda Paz
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