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domingo, 27 de julho de 2008

Cidade


Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
saber que existe o mar e as praias nuas,
montanhas sem nome e planícies mais vastas
que o mais vasto desejo,
e eu estou em ti fechada e apenas vejo
os muros e as paredes, e não vejo
nem o crescer do mar, nem o mudar das luas.
Saber que tomas em ti a minha vida
e que arrastas pela sombra das paredes
a minha alma que fora prometida
às ondas brancas e às florestas verdes.

Sophia de Mello Breyner Andersen

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