segunda-feira, 27 de abril de 2009

Inventa-se


Com o olhar no abalar das andorinhas
tacteiam-se lamentos na pele.

Em cada ruga sulcada pela idade
inventam-se nascentes de palavras
a correr no viço da lisura desejada.

Na cintura já talhada fora das medidas
inventam-se colares de missangas coloridas.

No olhar perturbado por sonhos inacabados
improvisam-se estrelas que dançam deslumbradas.

No útero morto à vida
inventa-se um cálice de vitalidade.

Dos seios descaídos pelas mãos do tempo
inventa-se o viço de rosas em botão.

Das nádegas, de firmeza já corroída
inventa-se o fulgor de montanhas plantadas.

Na pele enrijecida pela vida
inventam-se poros de paixão incontida.

Hoje, sentindo o viço a exilar
as mãos escrevem saudades
num novo dicionário do olhar.

Marta Vasil

2 comentários:

  1. Amigo

    Obrigada mais uma vez por partilhares este teu cantinho comigo. São palavras que escrevi muito adequadas ao dia de hoje, ao de ontem e sei que farão parte do meu futuro.

    Beijinhos e boa semana para ti.

    ResponderEliminar
  2. Obrigado Amigo, pela força e pela dedicação que deu ao "Ladrão de Livros" no Seu, nosso espaço.

    Bem haja

    Carlos J. Barros

    ResponderEliminar

Muito obrigado pela sua visita. Deixe o seu comentário por favor.